Não rotule a brincadeira como coisa "de menina" ou "de menino" - Foto: Arlee Sebryk / Divulgação |
Se o título lhe parece confuso continue lendo, pois está como eu propus. Mas, se por acaso, em algum ponto da leitura, distraidamente alterou-se a percepção do título, retomo neste primeiro parágrafo o que quis colocar em discussão: Construí a frase ambígua “Diversidade de gênero na escola: sobre a educação de meninos e meninos” (ambos no masculino), para falar sobre a diversidade de gênero.aproveitando a polêmica já conhecida da educação de meninos e meninas e reafirmar que cada aluno é diferente. Nessa polêmica há quem defenda que agrupamentos por sexo, em classes ou escolas, sejam mais saudáveis; e há quem defenda o contrário, que a educação mista é muito mais proveitosa. Mas, antes de me posicionar por uma das duas teses, eu gostaria de observar que, dependendo dos critérios de quem examina, pode haver mais diferença entre um aluno do sexo masculino e outro do mesmo sexo, do que as que se podem observar entre dois alunos opostos pelo sexo.
Dito isto, façamos uma revisão de memória nas notícias nacionais e internacionais sobre episódios dramáticos de violência nas escolas, tendo em mente a seguinte questão: qual o papel dos homens envolvidos nesses episódios? E - para aproveitar a questão da alternância, masculino ou feminino - qual tem sido o papel das mulheres? Sendo honestos admitiríamos que o papel dos homens tem sido o de agentes
da violência, ao passo que o das mulheres, o de vítima ou cuidadora. Às vezes de vítima e cuidadora - como no caso das professoras que morreram ou arriscaram a vida para proteger seus alunos no episódio de Sandy Hook em Connecticut (USA) no ano passado.
A partir dessa observação, alguém poderia se contentar com a ilusão de que os homens são naturalmente violentos e as mulheres naturalmente cuidadoras (ou vítimas). Mas, como não somos ingênuos, devemos antes nos perguntar: todos os homens sãoiguais em tudo? Além dos homens que ganharam fama no noticiário de violência nas escolas, não haveria homens envolvidos com práticas de cuidado ou mesmo na posição de vítimas da violência? No documentário “Pro dia nascer feliz” (2006) de João Jardim, entre outras coisas, pode-se ouvir o depoimento de uma garota sobre o assassinato que cometeu dentro da própria escola. O que demonstra que, ao mesmo potencialmente, uma aluna pode ser tão violenta como costumam ser os homens. Não seria lógico acreditar que alguns alunos podem ser tão cuidadores quanto têm sido a maioria das mulheres?
É claro que sim. E a chave da questão é que os homens são diferentes. Não só diferentes das mulheres, mas diferentes entre si. A campanha brasileira do laço branco - homens pelo fim da violência contra as mulheres tem sido uma oportunidade para diferentes homens expressarem de diferentes modos o seu apoio à igualdade de gêneros e o respeito à diversidade. Atentar para essa diversidade evita que nós, profissionais e estudiosos da educação, fiquemos por aí, propondo medidas educativas que sejam aplicadas em série ou em escala industrial.
Do contrário, repete-se a parlenda que ouvi na infância: “homem com homem, lobisomem; mulher com mulher, jacaré!”, como se o problema da educação dos seres humanos pudesse ser resolvido com a simples opção entre “separar” ou “misturar”.
*Este artigo foi publicado numa versão ligeiramente diferente no Jornal Tribuna do Planalto de 05/05/2013.
Interessante!
ResponderExcluir