segunda-feira, junho 13, 2022

Pelo fim do discurso Monark: não pode tudo!

 

Eu começaria este texto com a afirmação de que a tristeza de Monark é muito bem vinda. Diria mais: a tristeza de Monark merece um jingle do tipo: "pra noooossa Alegriiiiaaaa!"...

Mas, em primeiro lugar é preciso explicitar que não temos acesso a Monark como uma pessoa física, no mesmo sentido que acessamos fisicamente um amigo, ou um irmão... Aquele primo chato que vem na sua casa de vez em quando, mexer nos seus brinquedos (quando vc tem brinquedo, né?).


Para a maioria de nós, Monark é um tipo de pessoa virtual. Algo como um avatar, ou uma persona construída em função de um determinado "mapa de empatia" (pesquisem sobre isso).

Vamos dizer que Monark é um discurso.

Um discurso sobre si mesmo e sobre o mundo. Esse discurso é flexível, ele pode ser afetado e mudar de aspecto. Um discurso que tem uma dimensão afetiva. Ou seja, assim como "O mercado" que fica "nervoso", "preocupado", "eufórico" com os resultados das pesquisas eleitorais, ou com a visão de uma guerra na Europa (mas, não precisa de calmante diante das dúzias de guerra que ele cria na África).
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Monark é um discurso que tem suas variações de humor. Mas, o elemento principal na estrutura desse discurso é a sua capacidade de monetização. Sua rentabilidade. O discurso Monark se fortalece, se expande, à medida que consegue agregar mais valor financeiro, procurando circular onde é melhor remunerado e ser remunerado onde circula melhor (porque a estrutura é circular)
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Alguns comentaristas ainda defendem o Monark humano, o menino Monark, ingênuo e de bom coração, que começou sua vida nas redes sociais, como discurso, monetizando performances politicamente inofensivas em torno dos jogos eletrônicos. Essa pessoa ainda pode ser acessado por seus parentes, suas amigas e amigos próximos. Contra esse, aquelas figuras críticas, que se apresentam como outros discursos, certamente não teriam nada a dizer. Mas, esse menino, esse homem jovem, não é o tema aqui.
Aqui o tema é o discurso Monark. Que passou a ser monetizado abordando assuntos culturais e políticos, deixando de lado a gramática dos jogos eletrônicos e RPG na qual dominava. Esse discurso irresponsável e nocivo à democracia,  que insiste em se apresentar como vítima de uma condenação injusta...e é "Meio que" (como ele mesmo costuma dizer) "Meio que um discurso Lula, diante dos discursos Moro e Operação Lava-Jato. No caso dele, seu algoz seriam os pessoas canceladoras e os patrocinadores, que são cruéis, violentas e não respeitam a sua liberdade de falar. Ou como prefiro entender aqui : não permitem que ele circule livremente como qualquer discurso, no plenário da democracia (e da monetização).

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A tristeza de Monark apresentada numa performance recente num feat com o discurso Kim Kataguri, que se oferece solidário, mas não incondicional porque tenta ensinar limites ao companheiro de cancelamento Vale ver o video do Meteoro Brasil ("calma, um car**lho. Não começa, Monark) e o video Reels do humorista Fábio Lins);. O discurso Kim foi "cancelado" também, mesmo dispondo de foro parlamentar, como um discurso privilegiado.
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Para nossa alegria, a tristeza e a frustração desses dois discursos, no cenário que se organiza, assim como o Mercado, em função da monetização, não poderia significar outra coisa: o dinheiro está indo em outra direção. E isso é muito bom.
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É bom, porque o discurso Monark, na direção em que estava indo, e no aspecto que estava tomando - e ainda corre esse risco - contribui de maneira ostensiva para o crescimento de outros discursos excludentes, opressivos e letais, tanto para a vida de outros discursos como para a vida de outros organismos e pessoas. Gente concreta, como Monark, lá no seu apê ou como o menino Miguel, no apartamento da patroa de sua mãe, a menina  Ágatha, filhos de mães pretas e periféricas... Discursos e vidas que um partido nazista com certeza exterminaria muito mais rapidamente.
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Se o discurso Monark, na sua busca de monetização, é incapaz de perceber o seu funcionamento  como elemento de propagação do ódio e como fomentador de pensamentos nocivos à vida pública e ao bem comum, então ele não tem condições de circular para além do seu cercadinho virtual. Não é saudável para a democracia que certos discursos prosperem.

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Acho que redirecionar, ou restringir o discurso Monark poderia mostrar ao menino Monark, um "menino" que gosta de se ver como uma pessoa "no caminho do Bem" (salve, Tim Maia!), que é saudável para um ser humano não poder tudo.