terça-feira, novembro 15, 2022

Pega a bandeira! Pega a Bandeira!! É tudo nosso!




Quando criança eu não era do tipo atlético. Além disso, futebol não era o meu jogo favorito... Queimado e vôlei, eu gostava, Mas também não achava o mais divertido. O jogo que eu gostava de jogar mesmo. O jogo em que eu me divertia de maneira absurda, era o barra-bandeira. Que alguns chamam por aí de pique-bandeira...   rouba-bandeira, ou mesmo captura a bandeirinha...
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Esse jogo, pra quem não sabe (tanta coisa que alguém pode não saber no mundo das criptomoedas, multi-plataformas e metaversos, que não me espanta que uma massa ignorante ignore essa brincadeira.) é um jogo de poucas regras: dois times, em disputa em um campo com dois territórios contíguos e bem demarcados. No extremo oposto de cada território uma bandeira representando o time adversário. O objetivo do jogo: capturar a bandeira que o outro time tenta proteger a todo custo. O maior desafio, atravessar o território inimigo sem se deixar capturar pelo toque paralisante dos concorrentes... As investidas e contenções de um e de outro lado, são o que marcam a dinâmica do jogo. Durante a disputa, os integrantes do mesmo time podem libertar os colegas que foram imobilizados durante seus avanços.
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Só de lembrar esses movimentos você, que já jogou esse jogo, deve estar sentindo uma pontinha de excitação... pode ser que esteja ensaiando dribles mentalmente aí mesmo na cadeira. Pode ser que esteja rindo por dentro lembrando a esquiva esperta que lhe permitiu chegar até o ponto neutro próximo a bandeira, e quase não se segura pela ansiedade em voltar ao território da companheirada de time com a bandeira capturada em suas mãos... gritos! Risos! sei como é...
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Quando uma pessoa do mesmo time alcança o objetivo. E entra desembestado no próprio território, livre e agitando a bandeira capturada. A felicidade é tanta, que nem parece que ele roubou algo dos outros. Parece mais que a pessoa recuperou algo que já era seu. Algo que era nosso!  E pra dizer a verdade, nada garante que esse não possa ser um modo de entender o jogo, capturar a bandeira, pode ser resgatar a bandeira. Porque não?
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Pois bem, se você veio comigo nessa imagem, então vai entender bem o que eu quero dizer com "precisamos capturar aquela bandeira verde e amarela. Que já é nossa! É nossa e está presa, capturada no campo do adversário, aprisionada no universo limitado e mesquinho da violência. Mofando entre cheiro de pólvora e fumaça de óleo diesel, mergulhada em lágrimas de miliciano e sangue de estudante favelado. Quando poderia estar tremulando de prazer, orgulho e amor próprio na mão de brasileiros maravilhosos dos que já viveram como Airton Senna, Sócrates e Abdias Nascimento, dos que ainda vivem como Daniela Mercury, Iza e Anitta. E dos que são brasileiros pela honra como Lewis Hamilton...
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Calma lá! não pense que sou ufanista ou que, ingênuo, cai no conto do vigário positivista da aristocracia brazuca que se infiltrou desde a monarquia, até a república militar, cozinhada sem tempero pelo trabalhismo reformista, e refogada sem sal pela ditadura de 64, brindada com um tira-gosto da anistia geral e irrestrita. Eu sei de onde veio essa bandeira verde e amarela,  meus senhores. E não fiquei sabendo disso por causa  das denúncias de instagram que os algoritmos me entregaram... Minha desconfiança dessa bandeira é por causa da vida de Lima Barreto. Mas, a vontade de tê-la do nosso lado é por causa de Luiz Gama. O jurista abolicionista e republicano que falou contra eles, na língua deles. É tudo nosso! Tudo nosso! O Brasil é nosso. A bandeira do Brasil é Nossa!

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Fôdace pra lá Orleans e Bragança; essa bandeira agora é nossa! Pau dela no fiofó do positivismo deles. Essa bandeira é a bandeira desenhada com lantejoulas no manto do caboclo de lança pernambucano. É a bandeira pintada no chão da favela do Rio de Janeiro. É aquela que meu tio pintou na escadaria por conta da Copa de 70.. e eu, como nasci depois passei 20 anos sem ver uma vitória. É a bandeira de vocês, que vinte anos atrás não viram ou não lembram mais da vitória de Lula, quando ele entrou no nosso campo carregando a bandeira! Depois de tanto tempo tentando avançar e sendo paralisado. Detido, por debates editados no Jornal Nacional e por um plano que, de real, só tinha o nome...

 
Em 2002, quando o nosso lado resgatou a bandeira  e trouxe ela para o nosso campo. Que alegria! ..

Assim como foi em 2002. Assim precisamos fazer hoje, vinte anos depois. Reconquistar a bandeira. E dizer bem alto na cara dessa gente embranquecida, e desengonçada, fedendo a mofo e pólvora, abraçadas com muros, louvando pneus e trocando murros entre eles mesmos: Perdeu, Playboy!
Essa bandeira é nossa. É tudo nosso!

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