Como já dizia aquele "rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes" que há muito tempo não consta nas hits parade: de perto, as teorias não são tão interessantes quanto pareciam ser quando eram vistas de uma certa distância. Sempre concordei com ele, quando dizia:
"Não estou interessado em nenhuma teoria,
em nenhuma fantasia nem no 'algo mais' (...)
"a minha alucinação é suportar o dia a dia
e o meu delírio é a experiência como coisas reais.
Concordo fervorosamente com essa afirmação negativa. No entanto, aqui estou eu, teorizando. E quem estaria imune às traiçoeiras relações entre gesto e intenção?
No campo da teoria, destaca-se a figura do teórico como uma autoridade imprescindível para a sustentação de uma afirmação qualquer. Sem um teórico respeitável que lhe dê sustentação, uma teoria não subsiste. Talvez ela até possa re-surgir num futuro distante, provando sua legitimidade como uma afirmação de verdade, mas isso só será possível se algum (ou alguma) teórico(a) importante lhe der a devida atenção.
Alguém disse uma vez: Que importa quem disse? E essa afirmação foi citada por Michel Foucault, quando se perguntava "O que é um autor?". Em outro momento, numa entrevista para um importante jornal fracês, ele pretendia que suas afirmações fossem avaliadas, não por quem ele era, como autoridade intelectual, mas pelo próprio teor de suas sentenças. Levando esse objetivo aos extremos, monsieur Paul-Michel Foucault só concordou em dar a entrevista se ele mesmo não fosse identificado, ficando nomeado no Le Monde como "o filósofo mascarado".
Alguém disse uma vez: Que importa quem disse? E essa afirmação foi citada por Michel Foucault, quando se perguntava "O que é um autor?". Em outro momento, numa entrevista para um importante jornal fracês, ele pretendia que suas afirmações fossem avaliadas, não por quem ele era, como autoridade intelectual, mas pelo próprio teor de suas sentenças. Levando esse objetivo aos extremos, monsieur Paul-Michel Foucault só concordou em dar a entrevista se ele mesmo não fosse identificado, ficando nomeado no Le Monde como "o filósofo mascarado".
Não precisamos dizer que os planos de anonimato do pobre filósofo foram frustrados, senão como eu, aqui no Brasil, vários anos depois, saberia o que aconteceu? Ninguém publicaria uma tradução dessa entrevista se ela não tivesse sido atribuída a uma iminente autoridade intelectual -- mesmo que essa figura iminente estivesse falando justamente contra isso... É a contradição em processo.